A greve dos professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) caminha para o fim, com risco de a categoria não ter conquistado seu objetivo, que é a atualização dos salários. Há uma divisão entre os docentes, com forte pressão para que o movimento seja interrompido e outras alternativas sejam implementadas para convencer o governo a cumprir o dever de pagar em dia.
Professores da Faculdade de Direito assumiram, de público, a posição pelo fim da greve. Em carta enviada ao reitor Pedro Fernandes, ao sindicato da categoria (ADUERN) e a sociedade, os docentes apresentam sugestões e sugerem o fim da greve, que já dura mais de 100 dias.
Leia a carta:
“Estamos em estado de greve há mais de cem dias, motivados pelo legítimo interesse de reivindicar a regularização do pagamento salarial. Todavia, decorrido esse tempo, o Governo não mudou o quadro de atrasos e nem tem demonstrado que o fará a curto prazo, gerando um impasse prejudicial à educação superior no Estado, notadamente à classe discente, que tem ficado órfã do direito constitucional à sua formação profissional, intelectual e crítica.
Embora noutros momentos o instrumento da greve tenha sido eficaz para as conquistas salariais, no momento resta evidenciado que ele não tem se mostrado o mais adequado para conquistarmos os objetivos pautados pelas categorias.
Lembramos aos colegas servidores que vivenciamos um contexto de desvalia e precarização das instituições, não se ignorando um movimento crescente de defensores do Estado mínimo, especialmente no ensino superior.
Aproveitando que o Rio Grande do Norte enfrenta grave crise política e administrativa, esses desestruturadores sociais colocaram indevidamente a UERN em suas “alças de mira”, numa campanha organizada de minimização de sua importância.
É impossível, também, não notar as coincidências entre o caminho da educação e o desenvolvimento das formas de legitimação política moderna. A UERN é um forte elemento de conscientização política da sociedade e de formação profissional, interessando a alguns a sua desmobilização.
Por essa e outras razões, pleiteamos o retorno às atividades acadêmicas, adotando outras posturas combativas em substituição à greve, que ousamos apresentar a seguir:
1 – Engajar os alunos e suas famílias na ressignificação da Universidade;
2 – Adotar estratégias para ocupação de espaços políticos e decisórios institucionais;
3 – Buscar a sustentabilidade econômica da Universidade e a sua viabilização financeira, inclusive mediante a prestação de serviços externos;
4 – Retomar a discussão sobre a proposta de autonomia financeira;
5 – Promover um conjunto de informações positivas da Universidade (importância econômica, social, cultural), com a construção, divulgação e avaliação de indicadores de eficiência da UERN;
6 – Promover seminários regionais temáticos, pontuando as realizações da UERN nos seus 50 anos de existência;
7 – Trabalhar com a conscientização política e social sobre o valor da UERN e da própria educação como vetor de desenvolvimento econômico e equalizador social.
Assim, manifestamo-nos pelo RETORNO ÀS ATIVIDADES NA UERN, sem prejuízo da continuidade da luta em defesa dos nossos direitos, mediante novas estratégias.
Mossoró-RN, 20 de fevereiro de 2018.
DOCENTES (FACULDADE DE DIREITO).”
NOTA DO BLOG – Nesta sexta-feira (23) a ADUERN comanda mais uma assembleia para avaliar a greve e adotar novas medidas. A sugestão dos professores da Faculdade de Direito, pelo fim da paralisação, será colocada em discussão. A possibilidade de o movimento ser suspenso é bem real, principalmente depois de perder fôlego com o fim da greve dos servidores da saúde, que estavam juntos na luta com os professores da UERN.